segunda-feira, 24 de setembro de 2007

...

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro da tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

augusto dos anjos
(1884 - 1914)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

...

Agradar sempre às outras pessoas pode ser prejudicial quando ignoro minhas próprias necessidades e constantemente sacrifico meu bem-estar em favor de outras pessoas. É preciso encontrar um meio-termo que me permita atender a meus sentimentos, inclusive o meu desejo de pertencer, e ainda cuidar de mim mesmo. A melhor maneira de manter este equilíbrio é desenvolver minha auto-estima. Quando trato a mim mesmo com bondade e respeito, me torno mais capaz de me dar bem com as outras pessoas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

oscar wilde

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. De vocês não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto ñ sabe sofrer junto. Vocês são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para quenunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.





SEGUNDA:

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

to Suzan

qualquer semelhança é mera coincidência


pra lembrar do ultimo sábado:

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

dedicatória

Quando eu morrer,
Anjos meus,
Fazei-me desaparecer, sumir, evaporar
Desta terra louca
Permiti que eu seja mais um desaparecido
Da lista de mortos de algum campo de batalha
Para que eu não fique exposto
Em nenhum necrotério branco
Para que não me cortem o ventre
Com propósitos autopsianos
Para que não jaza num caixão frio
Coberto com flores mornas
Para que não sinta mais os afagos
Desta gente tão longe
Para que não ouça reboando eternos
Os ecos de teus soluços
Para que perca-se no éter
O lixo desta memória
Para que apaguem-se bruscos
As marcas do meu sofrer
Para que a morte só seja
Um descanso calmo e doce
Um calmo e doce descanso

ausência

Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
Ausência é um estar em mim
E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres.
Porque ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade
para Ana Cristina César

o melhor da terça-insana

dona edith




vovó arlinda




grã-fina




mc dollar

segunda